sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um dinheiro só seu

Com quase 30 anos de expectativa de vida depois dos 60, melhor é batalhar um rendimento extra para não depender somente da aposentadoria oficial

Aposentadoria tranquila é desejo de dez entre dez trabalhadores. Mas o fim da fase produtiva não significa descanso e descompromisso. Na verdade, antes mesmo de chegar lá, o sujeito precisa de planejamento e disciplina, inclusive na área financeira, para não amargar problemas de toda ordem, quando a preocupação deveria ser curtir a vida. Enfim, aposentar dá trabalho.

Depender dos valores dos benefícios pagos pela previdência social não vai sustentar o ciclo econômico de nenhuma sociedade, garante o consultor financeiro Augusto Sabóia. “Quem quer manter o padrão de vida precisa fazer reserva. O quanto antes”, diz. Se o pé-de-meia começar antes dos 30 anos, tanto melhor. Os depósitos mensais são menores e o tempo é um dos grandes aliados do investidor. Mas quem chega aos 50, 60 anos, sem a tal reserva técnica, também pode pensar em uma poupança para o futuro. Os consultores têm diferentes estratégias para isso. Sabóia aposta na previdência privada, ainda que o prazo para aplicação seja inferior ao recomendado para o trabalhador na ativa. A longevidade e a expectativa de vida são seus principais argumentos. “Mesmo com aportes maiores, há como administrar patrimônio e rendas extras – como restituição de imposto de renda ou pagamento de férias e 13.º, para quem ainda está no mercado – para aplicar em planos de previdência privada”, diz. A venda de bens e imóveis, por exemplo, pode ser inteiramente aplicada nos planos, garantindo saldo para o pagamento dos benefícios no futuro.

O consultor Renato Follador, presidente do Fundo Paraná, também considera os planos de aposentadoria privados uma saída viável. “Aos 60 anos, o investidor ainda pode aplicar por dez anos e usufruir do benefício a partir dos 70. A longevidade do brasileiro dá essa margem”, diz. Para isso, precisa observar fatores importantes, como a rentabilidade, a solidez da instituição e a composição da carteira de investimento. “Não dá para apostar somente em rendimento variável, que é apoiado no mercado de ações, porque o prazo é mais curto, e, se houver perdas, elas podem não ser recuperáveis”, explica.

A expectativa de vida, no entanto, é o argumento do consultor e escritor Humberto Veiga, autor do livro Tranquilidade Financeira, ainda inédito pela Editora Record, para evitar os planos de previdência. Veiga concorda em planejamento a longo prazo para a aposentadoria, e dedica um terço de seu livro aos planos privados. Mas, para quem está com 60 anos, considera a estratégia arriscada. Taxas de administração e de imposto de renda vão comer 40% dos rendimentos. Além dos custos elevados, o pouco tempo de contribuição não compensa na rentabilidade. “Com carteiras mais agressivas, onde 49% da composição são em bolsa de valores, é preciso trabalhar com tempo. Em um ano, a chance de terminar com menos dinheiro do que foi aplicado é de 50%. Esse risco cai para 5% quando prazo é de cinco anos de aplicação”, diz.

Veiga dá outras alternativas, que podem variar de acordo com o perfil do poupador. Indisciplinados podem escolher modalidades de depósito compulsório e fundos de previdência instituídos, ofertados por entidades de classe. “As taxas de administração são menores”, justifica. Outra opção, para quem tem alguma disciplina, é investir em poupança. “Operação simples e que pode receber valores de todo montante. Não exige muito conhecimento sobre finanças, mas é preciso ter responsabilidade para não mexer no dinheiro por qualquer razão”, explica.

Quem tem mais habilidade com mercado financeiro e acompanha seu comportamento pode optar por títulos públicos. Notas do Tesouro Nacional (NTN), série B, que podem ser adquiridos em cotas, têm rendimento semestral e diferentes prazos de vencimento, até 2045, com juros e correção da inflação no período. “O título pode ser resgatado antes do prazo porque a União recompra os papéis semanalmente. E o saldo não fica com a instituição, em caso de morte do poupador”, avalia.

Serviço:

Especialistas em mercado financeiro e investimentos participam da 5.ª Expo Money Curitiba, que termina hoje no Expo Unimed. Das 13 às 21h30, haverá palestras e exposições de instituições financeiras, na Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300. Informações e inscrições no site www.expomoney.com.br/curitiba.

Um para cada tipo

Planos de previdência privada são produtos de aplicação a longo prazo, preferencialmente. Um bom corretor e uma instituição confiável ajudam a traçar a melhor estratégia de investimento e modalidade de resgate. É bom saber:

Planejamento

Quanto você quer receber de aposentadoria? Como é seu padrão de vida? Quem vai cuidar de você aos 80 anos? Essas perguntas são fundamentais antes de planejar a aposentadoria, segundo consultor Augusto Sabóia. “Esse dinheiro que vai ser guardado não é seu. É para o ‘Sr.Você’, um idoso de 70 anos que você vai conhecer no futuro.”

Perfis

Há dois tipos básicos: o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Em ambos, há o período de contribuição e o de recebimento de benefícios, e o prazo para ambos é escolhido pelo contratante. A diferença básica é a tributação. No PGBL é possível deduzir o valor das contribuições no Imposto de Renda.

Pagamento

É possível optar por formas diferentes do pagamento do benefício. Dá para resgatar tudo de uma vez no fim do prazo contratado, receber por um determinado período ou ter uma aposentadoria vitalícia. Neste caso, o saldo fica para a instituição financeira, que assume o risco baseado na taxa de longevidade.

Rentabilidade

A composição da carteira de aplicação dos planos é determinante para a rentabilidade. O investidor precisa estar atento à taxa de administração dos planos e observar se suas opções estão adequadas para o objetivo desejado. “Renda variável dobra o montante inicial a cada quatro anos. Quando é atrelado à poupança, isso ocorre a cada 12 anos”, explica Sabóia.

Tributação e taxas

As taxas de administração e a tributação do rendimento são vorazes para planos de curto prazo. A mordida fica menor ao longo do tempo, quando o investidor opta pelo desconto regressivo. Quanto mais cedo for o resgate, maior o tributo.

Fonte! Chasque publicado no sítio da Gazeta do Povo, por Anna Paula Franco (terceiraidade@gazetadopovo.com.br), na seção Vida e Cidadania / Terceira Idade - http://www.gazetadopovo.com.br/.

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