segunda-feira, 7 de março de 2011

Investidores gaúchos são os que mais se expõem a aplicações de renda variável

Público de Porto Alegre é o que mais investe em ações e, ao lado de outras três cidades, o que menos tem aplicação na poupança

No escritório de sua casa no bairro Petrópolis, na Capital, o investidor Ari José Hilgert, 61 anos, passa o dia atento ao monitor que mostra as oscilações das principais ações na BM&F Bovespa e ao telefone em contato com corretoras. O conhecimento acumulado por 38 anos de operação no mercado moldou em Hilgert uma personalidade arrojada quando se trata de aplicar dinheiro e lhe deu sangue-frio para enfrentar o sobe-e-desce da bolsa, um perfil que parece predominar entre os investidores do Estado.

Atrás de rendimentos mais polpudos, o gaúcho é o que mais se expõe ao risco no país, mostra uma pesquisa da Expo Money, circuito de eventos voltados a investidores que ano passado sondou os participantes das edições realizadas em 12 cidades para mostrar as características de cada praça. O público de Porto Alegre é o que mais investe em ações e, ao lado de outras três cidades, o que menos tem aplicação na poupança, a mais conservadora e tradicional opção de investimento.

Os gaúchos também foram os que mais se consideraram investidores arrojados e atuantes, os dois perfis caracterizados por maior tolerância ao risco, conhecimento dos produtos que o mercado oferece e diversificação do capital.

— Sou bem agressivo. Tenho 80% do meu capital em ações de empresas boas pagadoras de dividendos. Semana passada operei todos os dias — diz Hilgert, que também administra clubes de investimentos de amigos e familiares e chegou a ser personagem de um livro que conta casos de sucesso na bolsa.

Com uma rotina de pelo menos quatro palestras semanais Brasil afora, o consultor financeiro Augusto Saboia tem contato com investidores de todo o país e atesta o perfil do gaúcho. A característica local, diz, está relacionada a um maior grau de educação financeira na comparação com outros Estados. O comportamento, portanto, está amparado no conhecimento do mercado de capitais.

— Você só tem medo do que não conhece — diz Saboia.

Também em contato com o público de várias cidades, Raymundo Magliano Neto, diretor da Expo Money, compartilha a visão de Saboia, mas entende que os gaúchos se consideram arrojados e atuantes por conhecerem melhor o mercado de capitais e serem os que mais se declararam investidores em ações, o que não significaria necessariamente uma forma agressiva de operar no mercado.

— (O gaúcho) não é alguém que compra hoje e vende amanhã. Creio que o gaúcho é um moderado que gosta do mercado acionário — avalia.

Para Magliano, a predileção do gaúcho pelo mercado de ações é explicada pelo histórico de empresas privadas do Estado que em décadas passadas cresceram abrindo o capital e pulverizando papéis com a adesão da elite local, criando uma forte cultura de investimento.

Conforme outra pesquisa, divulgada em fevereiro pela consultoria GFK a pedido da corretora Banifinvest, na Região Sul, 50% dos entrevistados disseram ter o hábito de realizar investimentos, acima da média nacional de 39%.

Fonte! Chasque publicado no Portal do Jornal Zero Hora de Porto Alegre (RS), no dia 05 de março de 2011, em ZH Dinheiro -  http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/zhdinheiro/capa,0,0,0,0,Home.html

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