sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Inadimplência está mais ligada a maus hábitos financeiros do que à falta de dinheiro

Os economistas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgaram uma avaliação, nesta quarta-feira, com dados obtidos pelo cruzamento de pesquisas divulgadas pelo SPC ao longo de 2013, todas encomendadas com o intuito de entender a relação do consumidor adulto brasileiro com o próprio dinheiro. A principal conclusão dos especialistas é que a situação de inadimplência no Brasil — ao contrário do que muitos pensam — está relacionada a maus hábitos de planejamento financeiro, e nem sempre à renda baixa.

Como apontam as pesquisas, existe descontrole financeiro e inadimplência mesmo entre as famílias de renda elevada. Dados de quatro estudos indicam que pessoas com contas em atraso não têm necessariamente renda menor do que aquelas que pagam os compromissos em dia. Uma pesquisa encomendada em agosto de 2013 para traçar o perfil do consumidor inadimplente no país revelou que 16% da amostra de pessoas com contas em atraso há mais de 90 dias pertenciam às classes D e E (renda familiar inferior a R$ 905 por mês). No entanto, ao avaliar essa mesma concentração de consumidores de menor renda (classes D e E) entre a amostra de adimplentes, o percentual subiu para 22%.

_ De maneira geral, os estudos sugerem que consumidores adimplentes adotam práticas financeiras mais cautelosas e conservadoras, independentemente da classe social a qual pertencem.

Isso inclui hábitos como o de planejar os gastos, poupar dinheiro para uma emergência e o de não emprestar o próprio nome a terceiros _ explica a economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues.

Faça o que digo, mas não faça o que faço

Dois estudos sobre a Educação Financeira do Brasileiro (fevereiro/2013) e sobre o Comportamento de Consumo no Brasil (outubro/2013) mostram que a maioria dos brasileiros (88%) se declara “muito controlado” ou “moderado” em relação aos hábitos de compra. No entanto, apesar da autoimagem de controlado em relação às compras, os consumidores relataram ao SPC Brasil diversas práticas que contradizem esse comportamento ideal: 59% já ficaram no vermelho por conta de gastos que não precisavam ter realizado e 69% dos consumidores já fizeram compras apenas para “se sentirem fortes, ricos ou poderosos”.

Além disso, em relação às finanças pessoais, o consumidor mostra-se, no geral, pouco preparado para qualquer emergência financeira: 42% dos adultos entrevistados declararam que não guardam qualquer quantidade de dinheiro para uma situação de emergência.

_ Em muitos casos, os estudos sugerem que adoção de hábitos simples de planejamento financeiro poderia ter evitado a situação inadimplência. E comportamentos impulsivos de compra e hábitos de risco foram detectados em todos os extratos sociais _ afirma Luiza.

Diferenças de comportamento

Os adimplentes não somente possuem posturas menos arriscadas como também têm hábitos ligados a um bom planejamento financeiro. As pesquisas do SPC Brasil relevam que, com relação aos adimplentes, 76% fazem lista de compras antes de ir ao supermercado, 83% pesquisam preços antes de comprar qualquer produto ou serviço, 63% acompanham mensalmente das suas receitas e despesas (seja em uma caderneta ou planilha) e 17% buscam informações sobre questões financeiras com frequência.

Em contrapartida, quando consideramos o grupo dos inadimplentes, tais percentuais caem respectivamente para 61%, 66%, 38% e 3%.Ainda com relação às diferenças de postura frente ao endividamento, outro ponto a ser destacado é que, ao contrário dos inadimplentes, os adimplentes vêem as dívidas como evitáveis. Dentre os adimplentes, 93% evitam dívidas, seja controlando os impulsos de compra (37%), seja fazendo planejamento financeiro (56%). Além disso, 35% desse grupo fazem fundo emergencial (dinheiro guardado para emergências).

Já com relação aos inadimplentes, 54% afirmam que a dívida que têm atualmente não poderia ter sido evitada — já que ocorreu por motivo alheio a sua vontade (como desemprego) — e apenas 38% afirmam que a falta de controle financeiro foi o principal motivo para o endividamento.

Inadimplentes tendem a se arriscar mais

Os inadimplentes também adotam posturas mais arriscadas em relação a empréstimo de nome: 20% dos entrevistados desse grupo revelaram que têm o hábito de emprestar o próprio nome a terceiros para que estes possam fazer compras. Destes, 96% não tomam nenhuma precaução (como pedir uma nota promissória a quem emprestou o nome). No grupo dos adimplentes, apenas 9% têm esse hábito, dos quais 69% não tomam nenhuma precaução (os demais 31% são precavidos e exigem algum tipo de garantia).

Eles também tendem a buscar mais crédito em lojas e menos em bancos: 53% dos consumidores negativados possuem cartão de loja, enquanto que o percentual cai para 46% quando comparados com os não negativados. Além disso, segundo os estudos, 53% dos consumidores inadimplentes possuem cartão de crédito de banco, enquanto que 61% dos adimplentes dispõem desse mesmo recurso.

Para os economistas, as pesquisas feitas pelo SPC Brasil mostram que o brasileiro ainda necessita de educação financeira mais aprofundada.

_ Os resultados apontam para uma alta frequência de consumidores impulsivos, levados pela moda, propaganda ou desejo de autoafirmação. Além disso, a inadimplência parece estar ligada, em muitos casos, à falta de hábitos simples de planejamento financeiro e de precaução contra emergências”, explica Luiza.

Fonte! Chasque (matéria) de Maria Isabel Hammes, publicado no Blog da Bela, no dia 23 de janeiro de 2014. Abra as porteiras clicando em http://wp.clicrbs.com.br/blogdabela/2014/01/23/inadimplencia-esta-mais-ligada-a-maus-habitos-financeiros-do-que-a-falta-de-dinheiro/?topo=13,1,1,,,9.

Para poupar. Pague-se primeiro

Dinheiro na mão é vendaval? 

Então, drible este ditado. Como? 

Pague-se primeiro! Em vez de esperar o fim do mês para guardar dinheiro, separe uma quantia para poupar assim que receber o salário no início do mês. Considere sua aplicação financeira como outra conta qualquer, que precisa ser paga.

E se atrasar o pagamento com a sua própria poupança? Ora, cobre juros de si mesmo! Obrigue-se a depositar um valor maior ainda para compensar o atraso. Só não vale passar muito da data para não perder o costume.

Fonte! Chasque de Giane Guerra, publicado no seu sítio Acerto de Contas no dia 28 de janeiro de 2014. Abra as porteiras: http://wp.clicrbs.com.br/acertodecontas/2014/01/28/para-poupar-pague-se-primeiro/?topo=52,1,1,,171,e171.

Fonte do retrato! Adriana Franciosi / Agencia RBS.

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Chasque bem curto mas contundente. O mesmo acontece quando tu fazes uma compra a prazo. Em vez de te sujeitar ao juro abusivo do sistema financeiro tradicional, pega emprestado da tua poupança e devolve com juros. Afinal, tu mereces um bom juro, certo?

Leia o chasque aqui neste sítio publicado, onde o financiamento do meu carro teve o valor aportado de mim mesmo, onde a cada R$ 800,00 de devolução, devolvo mais R$ 200,00 de juros. Abra as porteiras clicando em http://obolsodabombacha.blogspot.com.br/2013/08/atitude-72-comprei-um-carro-parcelado-e.html.

Baita abraço

Valdemar Engroff 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Oito em cada dez brasileiros não sabem controlar suas despesas

Enquete feita por SPC e CNDL mostra que resultado varia pouco em todos os estratos sociais

Oito em cada dez brasileiros não sabem controlar suas despesas, aponta pesquisa Fabrizio Motta/Agencia RBS
Mais de um terço dos entrevistados afirmou não saber que contas teriam que pagar no mês.
 
Apesar do recuo da inadimplência para níveis históricos, o brasileiro ainda tem pouco conhecimento sobre as suas finanças, independentemente do estrato social. Oito em cada dez entrevistados não sabem como controlar as despesas, revela uma pesquisa nacional feita em dezembro com cerca de 650 pessoas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). 

A enquete mostra que apenas 18% dos entrevistados têm bom conhecimento sobre as finanças pessoais. A economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, destaca que esse resultado praticamente se repete para todos os estratos sociais. Em 84% dos domicílios com renda mensal de até R$ 1.330, o chefe da família tem parcial ou nenhum conhecimento sobre as finanças da casa. Essa fatia cai para 86% no caso das famílias com rendimentos entre R$ 1.331 e R$ 3.140 e recua para 76% para aquelas com receita acima de R$ 3.141. Mas ainda é um porcentual alto. 

– O consumidor adulto se mostra muito pouco preparado em relação às finanças pessoais – afirma Luiza. 

A economista ressalta que há uma relação direta entre saldo negativo na conta corrente e o baixo conhecimento financeiro. Quase 70% daqueles que têm baixo ou nenhum conhecimento sobre as finanças pessoais termina o mês no vermelho ou no zero a zero na sua conta corrente. Esse resultado recua para 29% para aqueles que acompanham as suas receitas e despesas. 

Um dado que chamou a atenção é que mais de um terço dos entrevistados (36%) sabiam um pouco ou nada sabiam sobre as contas regulares que deveriam pagar este mês, com resultados muito parecidos para as três faixas de renda analisadas. No caso das despesas extras de início de ano, mais da metade (57%) não sabia exatamente quanto deveria gastar a mais. Há também falta de conhecimento do lado das receitas, com 40% dos entrevistados declarando não ter informações exatas sobre a renda. 

A principal dificuldade apontada pelos consumidores de todas as classes sociais para controlar as finanças pessoais foi a disciplina para registrar gastos e receitas com regularidade, com 39%. Mas fazer contas é tido como um problema para 6% dos entrevistados. Esse resultado dobra (12%) no caso do estrato com menor renda. 

Além da falta de controle das despesas e receitas, outras informações relevantes reveladas pela pesquisa são o ímpeto do consumidor para ir às compras e a falta de fôlego financeiro: 38% dos entrevistados informaram que às vezes, ou nunca, avaliam a sua situação financeira antes de adquirir um bem. 

A falta de reservas financeiras é nítida quando se avalia que mais da metade (55%) dos entrevistados não conseguiriam se manter por mais de três meses em situação de dificuldade. 

– Como o tempo de recolocação no mercado de trabalho é de sete meses, esse resultado é preocupante, se houver um tropeço no emprego – diz a economista. 

A escassez de controle dos brasileiros sobre as suas finanças ocorre num momento em que os índices de inadimplência registram baixas históricas. Na avaliação de Luiza, esse cenário não é contraditório com a falta de rigor nas finanças pessoais porque o principal fator, na sua opinião, que levou ao recuo do calote foi a cautela do sistema financeiro na aprovação de novos créditos.

Fonte! Chasque (reportagem) publicado no sítio eletrônico do Jornal Zero Hora de Porto Alegre (RS), no dia 28 de janeiro de 2014. Abra as porteiras clicando em http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2014/01/oito-em-cada-dez-brasileiros-nao-sabem-controlar-suas-despesas-aponta-pesquisa-4402412.html#.

Fonte do retrato! Fabrizio Motta / Agencia RBS.

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Observação! Não tive a oportunidade de participar desta pesquisa, mas aqui no meu rancho (minha acasa, minha família), o orçamento doméstico fará em abril deste ano cinco anos de implantação. Nele eu sei quanto é gasto todo o mês. Contabilizo as entradas de dinheiro e as saídas (todas = investimentos mais gastos), chegando no final do mês na cor azul e com a sensação do dever cumprido.

Sei quanto me custa cada filha (tenho duas)... Seu quanto eu custo e sei quanto custa a esposa, falando em termos financeiros (finanças pessoais).

Cada um tem uma planilha ecxel. Estas quatro planilhas mensais são transportadas para uma planilha DiSOP, criada pelo contador e educador financeiro Reinaldo Domingues, que criou grupos, tais como:
1 - Receitas - todas as entradas de dinheiro, proveniente de salários e de outras fontes;
2 - Ativos, tais como imóveis e veículos;
3 - Metas - todos os investimentos financeiros, como a tradicional poupança, previdência privada, fundos imobiliários, até o tradicional cofrinho que fica dentro do armário....;
4 - Gastos na residência (água, luz, telefone, internet, supermercado, manutenção, etc....);
5 - Gastos pessoais, onde citamos o INSS, o IRRF, as tarifas bancárias, condução, vestuário, seguros, etc....;
6 - Instrução - tudo que envolve a escola / faculdade, como as mensalidades, material escolar, transporte escolar, etc....;
7 - Veículos - todas as despesas referentes, como o combustível, peças, pedágios, lavagens, IPVA, seguro total, etc....;
8 - Outras despesas, como salão de beleza, gastos com diversão, viagens, bailes e fandangos, salão de beleza, despesas com burocracia, com animais, etc.... 

Baita abraço

Valdemar Engroff 

Conheça o carro elétrico made in Rio Grande do Sul

Empresário de Lajeado recebeu há pouco placas que autorizam modelo com duas horas de autonomia a circular nas ruas

Conheça o carro elétrico made in RS Cesar Lopes/Especial
Dresch, o inventor do pequeno veículo, é chamado de Henry Ford do Vale do Taquari

De longe, parece um carro de criança, daqueles de parque de diversão. De perto, mais ainda. Com pouco mais de um metro de largura e menos de 2 metros de comprimento, o modelo elétrico criado em Lajeado é pequeno mas tem ambição.

À espera de incentivos, João Alfredo Dresch, 68 anos, inventor do veículo e empresário aposentado, pretende transformar sua criação no primeiro da categoria fabricado em escala comercial no país. A ideia surgiu durante uma viagem à Itália, em 2009, ao ver carros elétricos circulando. Dresch aproveitou para visitar fábricas e, mesmo sem conseguir arrancar detalhes sigilosos nem ter formação superior específica, decidiu criar o seu.

– Não tive parâmetro, mas decidi que queria um carro elétrico compacto para uso próprio. Pedi ajuda a um amigo engenheiro e outro mecânico e, em 11 meses e meio, finalizamos – conta Dresch, que foi apelidado de Henry Ford do Vale do Taquari.

Um molde em tamanho real foi feito de papelão, depois todo em madeira. Por último, foi revestido de fibra, para por fim ganhar estrutura de aço.

– Quando ficou pronto, fui entrar no carro e não consegui. A porta tinha ficado pequena. Tivemos de cortar a parte da frente e aumentar o comprimento em uns 15 centímetros – relembra o bem-humorado inventor.

No final de 2010, com investimento total de R$ 40 mil, o modelo estava pronto, pintado em "vermelho tangerina", segundo descrição e escolha do próprio Dresch. Tinha ganho farolete de moto de baixa cilindrada, espelho de caminhão cortado ao meio e 14 baterias de jet ski, carregáveis em qualquer tomada 110 V ou 220 V. Duas horas conectado na luz rendem duas horas de autonomia nas ruas.
Os bancos foram retirados de uma Meriva capotada, revestidos em couro vermelho e branco com o nome JAD, inicias do criador. Sem maçanetas – o que, segundo Dresch, dificulta furtos –, abre, tranca e fecha os vidros por controle remoto. O JAD tem as vantagens de qualquer carro elétrico: não polui, é isento de IPVA e tem baixo custo de rodagem, cerca de R$ 0,10 por quilômetro. Um popular gasta, em média, três vezes mais com combustível. 

– Esse aqui tu estacionas em qualquer lugar, porque ocupa o espaço de uma moto no estacionamento oblíquo e cabem três no lugar de uma vaga de carro tradicional – compara.

Ficha técnica

Tamanho: 1,20 metro de altura, 1,05 metro de largura e 1,95 metro de comprimento
Peso: 295 quilos
Capacidade: duas pessoas
Motor: elétrico, tem rolamento especial de 5 CV
Velocidade máxima: 70km/h
Equipamentos: cinto de segurança, freio a disco nas quatro rodas, extintor de incêndio, freio de mão, estepe e carregador de bateria para tomadas convencionais 110 V ou 220 V
Bateria: 14 baterias de gel, com vida útil de até cinco anos
Autonomia: após duas horas carregando, o carro anda por duas horas
Especificidades: não é automático e não tem marcha, tem apenas freio e acelerador. A ré é acionada por um botão que inverte a polaridade do motor
Custo de rodagem: cerca de R$ 0,10 por quilômetro (valor gasto com energia elétrica)
Valor de venda: estimado entre R$ 15 mil e R$ 18 mil


O dinheiro que faz falta

Só dois anos e meio depois de finalizado e com dois guinchamentos por circular sem documentos, o carro elétrico de Lajeado foi aprovado pelo Detran. As placas JAD-0713 chegaram há poucas semanas. Desde então, já rodou até pelo Litoral Norte, despertando curiosidade.

– Se ganhasse R$ 1 por foto, já dava para pagar o projeto da geração 2 – brinca Dresch.
Estimado em R$ 450 mil, o projeto foi pedido a especialistas em São Paulo, mas parou por falta de recursos. Com o novo sócio, o engenheiro automotivo Marcos Büneker, que trabalhou na Volkswagen e na Mercedes-Benz, Dresch cogita ajuda de investidores privados, mas mira nos governos federal e estadual.

– O governador (Tarso Genro) foi à China e anunciou que traria uma montadora de carros elétricos, mas nós temos dificuldade até para agendar reunião – reclama Büneker.

A Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI) assegura que os inventores foram recebidos e apresentados a "instrumentos de apoio", como financiamento de bancos públicos e incentivos fiscais. Jayme Buarque de Hollanda, presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), confirma que ainda não existe fabricante de carros elétricos neste nicho, apenas de transporte coletivo e de golf. 

– Ainda é artesanal, mas daqui a 10 anos será o novo paradigma no transporte – prevê Hollanda.

Fonte! Chasque (reportagem) publicado no sítio eletrônico do Jornal Zero Hora de Porto Alegre (RS), por Vanessa Kennenberg, no dia 31 de janeiro de 2014. Abra as porteiras clicando em http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2014/01/conheca-o-carro-eletrico-made-in-rs-4406791.html.

Fonte do Retrato! Cesar Lopes / Especial. 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A polêmica da picanha!

Qual é o tamanho real da estrela do churrasco?

Esta é uma pergunta frequente que se intensifica nesta época do ano devido às férias, período em que o prato ocupa mais lugar no cardápio. É considerada uma carne de fácil preparo e suculenta devido à maciez conferida pela gordura na "capa" ou "entremeada", o chamado marmoreio. Quanto ao sabor, classificada por muitos como inigualável, não há dúvida, mas quanto ao peso, é exatamente ao contrário.

Há quem diga que a picanha não pode pesar mais de 1,5 kg. Há também aqueles que afirmam categoricamente que não pode chegar a 1 kg. Com a palavra os especialistas.

O consultor do Sebrae e Senar, Marcelo Bolinha, conhecido por ministrar apresentações na Vitrine da Carne Gaúcha na Expointer, diz que a fronteira foi estabelecida na terceira veia que atravessa a carne e o peso depende do tamanho do animal. A picanha equivale a 1,1% do peso total da carcaça bovina. Hoje consumimos o novilho precoce, com um peso médio de carcaça de 230 kg. Portanto, a picanha desses animais de raças britânicas tem em torno de 1,2 kg. Mas, há animais maiores, casos excepcionais, que podem produzir uma picanha de 1,5 kg.

De acordo com o frigorífico Silva, de Santa Maria, que abate animais de raças europeias Angus, Hereford, Braford e Brangus, o tamanho das picanhas das marcas é de 1,1 kg. Eles colocam 30.000 picanhas no mercado a cada mês. Aqui temos ainda a raça Devon que compõe o seleto grupo das britânicas. No Centro-Oeste, onde está o maior rebanho bovino do país, as raças predominantes são as zebuinas, mais resistentes ao calor intenso.

Marcelo Bolinha concorda que servir uma picanha enobrece o churrasco. É um glamour equivalente ao custo do quilo, que chega a ultrapassar R$ 100,00. Ele sugere opções para substituir a picanha sem comprometer a qualidade do churrasco: maminha com valor entre R$ 18,00 e R$ 30,00 o quilo e alcatra, entre R$ 22,00 a R$ 30,00 o quilo.

Tem ainda outros cortes que podem fazer bonito no churrasco: contrafilé, vazio e entrecot. E claro, a costela, corte consumido prioritariamente pelos gaúchos. A demanda é tão grande que houve momento em que importamos costela até de Rondônia e do Acre para abastecer nosso mercado.

Mas a picanha pode ser classificada como uma grande paixão ao ponto de justificar um investimento três vezes maior do que o do filé mignon, corte totalmente aproveitado.

Dica: fique atento para não levar um contrapeso de coxão de fora na picanha, já que os cortes são vizinhos. No coxão é possível identificar seis veias.

Bom churrasco, com picanha ao aponto.

Fonte! Chasque publicado nas páginas do Jornal Metro de Porto Alegre (RS), na coluna AgroMetro, por Lizemara Prates, na edição do dia 08 de janeiro de 2014.