domingo, 30 de agosto de 2015

A tristeza financeira de um Brasil e Estado atônitos

Foi o que, popularmente, chama-se de "sonho de verão" o forte impulso dado nas finanças nacionais e, em menor parte, às do Rio Grande do Sul, a alta dos preços internacionais das commodities, após a crise de 2008. Passado o sonho, eis que a realidade vê soçobrarem as finanças da União e, agora, também as do Rio Grande do Sul. O que fazer? Acusar o governador pela penúria? Dizer que ele sabia da situação? Claro, ele e mais 11 milhões de gaúchos. Queremos soluções, e não para amanhã, mas para o curto, o médio e o longo prazos.

Uma ducha de água fria - ainda que o lago da economia das finanças desse mostras de esvaziamento desde meados de 2012 - caiu sobre o Brasil quando foi confirmado que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 virá com uma queda projetada em 2%. O superávit primário para este ano foi, praticamente, abandonado. Uma tragédia financeira para um Brasil que arrecada muito, porém gasta demais e de maneira supérflua.

O Rio Grande do Sul foi acumulando déficits anuais, sempre disfarçados pelos saques do caixa único, dos depósitos judiciais e dos empréstimos tirados aqui e acolá. Por isso, na reunião dos governadores com a presidente Dilma Rousseff, estará em debate como encontrar fórmulas de acionar a economia e, com isso, arrecadar mais, incluindo nova fórmula para a cobrança do ICMS.

A carga de impostos tem subido, e o ajuste fiscal precisa ser aprovado logo. Além disso, cobrar dos devedores contumazes - IPVA inclusive - para fazer justiça aos que pagam em dia seus compromissos, sejam empregados, autônomos ou empresários de todos os matizes ou setores. Um País que batia recordes de arrecadação e tinha baixas taxas de desemprego hoje amarga o inverso, nas duas frentes.

Na bonança, não soube fazer poupança. Piorando, atualmente, o nosso consumo está calcado em produtos importados. É de uma clareza amazônica a explicação. E não é de hoje que se alerta para isso. O pior é que crescemos menos que, praticamente, todos os países latino-americanos e os demais do grupo Brics, ou seja, Federação Russa, Índia, China e África do Sul. O Brasil resvalou para a recessão.

Os governos dos últimos 12 anos - mesmo dando o obséquio da dúvida - têm sido, no mínimo, ou, quem sabe, o mais provável, irresponsáveis, ingênuos política e financeiramente, deixando de ver a realidade. Navegamos em uma euforia que tinha bases frágeis, embora certas. Vimos a crise que assolava a Europa e os Estados Unidos (EUA), mas com a soberba de que cruzaríamos por ela em velocidade de cruzeiro e sem nenhum iceberg escondido pronto a rasgar a economia nacional de ponta a ponta, tal e qual um Titanic navegando no Atlântico Sul. Deu no que deu. Voltamos à política ortodoxa, mas arrancando o couro dos assalariados e do empresariado, pois os governos não produzem um só real, tiram o dinheiro dos que pagam impostos os mais diversos e as taxas que nos esfolam os bolsos mês a mês.

Na reunião de amanhã, governadores reclamarão da extravagante concentração de recursos em Brasília, que deixa os governadores de joelhos, com o pires na mão. Por isso, acredita-se que a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciará que não vetará a proposta aprovada pelo Congresso que permite a estados e municípios usarem ainda mais os recursos de depósitos judiciais e administrativos. Com os valores, os estados poderão pagar precatórios, dívida pública, investimentos e despesas previdenciárias. É uma solução provisória, como sempre.


Fonte! Este chasque é o editorial do Jornal do Comércio de Porto Alegre RS, edição do dia 29 de julho de 2015.

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