segunda-feira, 26 de abril de 2010

Bancos criam armadilhas para os clientes

Previdência privada para aposentado, título de capitalização como investimento, seguro de vida para quem quer empréstimo, pacote de serviços para conta salário. O Estado de Minas foi às agências dos cinco maiores bancos do país – Banco do Brasil, Caixa Econômica, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander/Real – e comprovou que elas vendem coelho por lebre. A principal arma para não cair na lábia das instituições financeiras, ou melhor, dos vendedores de produtos financeiros, é a informação prévia, alertam especialistas em finanças. A falta de conhecimento antes de fechar o negócio leva a maior parte dos investidores iniciantes a fazerem aplicações equivocadas, confirma a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

Nas áreas de atendimento aos investidores das agências visitadas em Belo Horizonte, o EM pediu informações sobre e em que produtos poderiam ser melhor aplicados entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. A reportagem recebeu indicações para poupança, Certificado de Depósito Bancário (CDB), planos de previdência privada (VGBL e PGBL) e até mesmo títulos de capitalização. Tesouro Direto, fundos de investimentos e ações são exemplos de produtos que não fizeram parte do cardápio.

A indicação do Santander/Real foi investir uma parte do dinheiro na poupança e outra no Ourocap (título de capitalização). “Não é investimento, mas você pode tentar a sorte e concorrer a até R$ 2 milhões todos os meses”, informou a subgerente. Na Caixa Econômica, a funcionária ofereceu “VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), com o mix 85% de renda fixa e 15% variável”. No Bradesco, a atendente foi taxativa: “Hiperfundo (o título de capitalização do banco), onde quanto mais você investe mais chances tem de ganhar, ou PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), para descontar o dinheiro aplicado do IR a ser pago”. No Itaú Unibanco, a orientação foi colocar o dinheiro na poupança, que tem rentabilidade garantida, permite o saque a qualquer momento e não sofre incidência de imposto. “Com a queda da taxa de juros, você pode pensar, de novo, em CDB”, disse o gerente.

No Banco do Brasil, a funcionária informou que a melhor aplicação também dependia do planejamento de vida. Mas, enfatizou que “ultimamente a melhor opção era o VGBL. Indico até para aposentados”, contou. O professor e consultor em finanças Rafael Paschoarelli alerta: “temos que enxergar o gerente do banco como um vendedor. Pensar se o que ele está oferecendo é bom para ele ou para nós, clientes”, afirma. Para ele, o título de capitalização é o maior vilão. “É um produto vendido por pressão e uma das principais metas a serem batidas pelos funcionários”, denuncia.

Banco é como uma farmácia, compara o planejador financeiro e professor de finanças pessoais Jurandir Sell. “Não dá para chegar e pedir o melhor remédio que há na farmácia. Depende dos seus sintomas”. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informa que é contra venda casada e estimula a transparência. O cliente insatisfeito pode reclamar ao Banco Central pelo telefone gratuito 0800-979-2345.

Para não cair nas pegadinhas nos bancos

Tomar uma decisão com base apenas na informação recebida é como jogar xadrez deixando o seu adversário dizer que peças você deve mexer. Então, se proteja.

A pressa é tão grande que, na maior parte das vezes, as pessoas nem lêem o contrato que estão assinando. Não aceite nada antes de se informar de forma clara.

Na hora de vender o seu carro, você se concentra em falar sobre as coisas boas do automóvel. Por esse raciocínio, quando estiver negociando algo, lhe caberá levantar os pontos desfavoráveis.

Na sua última negociação envolvendo financiamento ou empréstimo, lembrou-se de perguntar qual era o valor da TAC, IOF, seguro prestamista, lâmina do boleto? Faça todas essas perguntas sempre.

Na compra de título de capitalização, saber o custo mensal a ser pago e o valor do prêmio não é suficiente. Se não for dito com clareza, questione qual das parcelas renderá e a que vai para as despesas e para o sorteio do plano.

Na contratação de um plano de previdência, seja VGBL ou PGBL, informe-se sobre as taxas de carregamento do fundo e de administração. Além disso, procure saber as regras de tributação sobre o rendimento. Você pode fazer a comparação entre os bancos.

Por meio do Tesouro Direto, pequenos investidores conseguem aplicar a partir de R$ 200 em títulos federais. O rendimento é similar ao que os grandes investidores conseguem.

O verdadeiro valor do bem é o melhor preço à vista que você conseguir negociar, e não a soma das prestações.

O mesmo banco que cobra 12% no cheque especial, cobra 4% no crédito pessoal. O mesmo banco cobra taxas ainda mais baixas, se o crédito for consignado.

Nunca some a sua renda mensal com o crédito que você tem no banco ou no cartão de crédito. Sua capacidade de gastos é dada pela renda líquida menos os custos fixos
 
Fonte! Chasque publicado no sítio do Portal UAI - http://www.uai.com.br/, por Paola Carvalho - Estado de Minas, no dia 26 de abril de 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário