quarta-feira, 5 de junho de 2013

A classe média espremida e nervosa

No Brasil de hoje, milhões de famílias da classe média tradicional, que viviam com uma folga relativa até pouco tempo atrás, têm de refazer as contas e mudar os hábitos para manter o orçamento sob controle. Fazem parte desse contingente os assalariados e os empresários de pequeno e médio porte relativamente bem-sucedidos, com um patrimônio conquistado quase sempre com o próprio esforço, além dos profissionais em ascensão na carreira. Em sua maioria, eles têm diploma universitário, nível cultural elevado e estão acostumados a frequentar restaurantes, bares, cinemas e shows. Sempre que possível, viajam para fora do País com a família ou com os amigos.

Segundo a Fundação Getulio Vargas, a classe média tradicional, também chamada classe A/B, é uma massa formada por 21,5 milhões de pessoas, o equivalente a 11,2% da população brasileira. Embora sua importância econômica esteja diminuindo nos últimos anos, com a ascensão das faixas de menor renda, a classe média tradicional ainda representa cerca de um quarto do consumo nacional, de acordo com a Nielsen, uma empresa de pesquisa e análise de mercado – uma fatia estimada em cerca de R$ 800 bilhões por ano, equivalente a 35 vezes o custo do Bolsa Família para o governo em 2013.

A classe A/B responde por 86% das matrículas em escolas particulares, 78% das viagens e 74% dos gastos com lazer e cultura do País. “O desenvolvimento nos últimos 10 anos não contemplou a classe média tradicional”, diz o economista Waldir Quadros, professor da Universidade de Campinas. Estudioso da classe média brasileira, ele alerta que “a classe média está espremida, nervosa.”


Fonte! Chasque publicado na edição do dia 04 de junho de 2013, do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), na coluna Espaço Vital, por Marco A. Birnfeld.

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