sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Após demissão, economista criou a maior corretora do país

Guilherme Benchimol, sócio fundador da XP Investimentos
Retrato: Ze Carlos Barretta/Folhapress
Fundador da XP Investimentos, maior corretora de varejo do Brasil, Guilherme Benchimol começou dando aula, em Porto Alegre, sobre o funcionamento do mercado de ações. Com R$ 3.000, abriu um clube de investimento que se tornou uma gestora de R$ 3 bilhões. Inspirada na americana Charles Schwab, a XP trouxe ao país o conceito de shopping de investimento, que compara e vende diferentes aplicações de butiques e bancos estrangeiros.

Eu trabalhava numa corretora carioca chamada Investshop, que pretendia se transformar em um shopping de investimento vendendo desde ações até aplicações de diferentes bancos.

Meu trabalho era convencer outras corretoras a reduzir custos operando por meio da plataforma do Investshop.

Em 2001, após a bolha da internet, o setor em que trabalhava acabou sendo extinto e eu fui demitido.
Com 24 anos, isso tira o chão. De aprendiz de executivo virei desempregado. Já estava formado (fiz economia na UFRJ) e me questionei se era mesmo bom naquilo.

Havia uma corretora em Porto Alegre, a Diferencial, que queria operar com a Investshop. Eles me chamaram para continuar o projeto, em que deixariam de ser corretora para operar como agente autônomo (uma espécie de vendedor de aplicações associado a uma corretora).

Lá, conheci o Marcelo Maisonnave, que se tornou depois meu sócio na XP. Falei: Marcelo, por que não fazemos a mesma coisa? Montamos um escritório de autônomo!

No começo, a minha decisão era: nunca mais quero ter chefe. A do Marcelo era: vou me juntar com esse cara, que deve saber o que faz.

Eu devia ter uns R$ 10 mil guardados. Compramos uns computadores usados e começamos a XP.

A marca XP foi criada em meia hora. Eu falava muito que queria criar uma empresa XPTO... Assim, ficou XP.

No começo, a vida da XP foi muito dura. Por um ano, faturamos R$ 1.000 por mês. Vendi meu carro, o Marcelo morava com os pais.

HORA DA VIRADA

A virada ocorreu quando começamos a fazer palestras sobre o funcionamento do mercado de ações. As pessoas queriam entender o que fazia as ações caírem. Era gratuito, no playground do prédio, e tinha um "coffee break" com suco de laranja.

Os cursos estavam enchendo e percebemos que podíamos cobrar. Começamos pedindo R$ 300. Depois de uma semana, a Bolsa subiu 10%! Pensamos: é esse o negócio da XP. Dar aula!

Tínhamos um estagiário que se formou, mas não podíamos contratá-lo porque não tínhamos dinheiro. Ele foi trabalhar no JPMorgan, ganhando R$ 2.000. Falamos a ele: se pintar uma oportunidade igual, chama a gente. Não ganhávamos nem isso.

A ESTAGIÁRIA

Ficamos só com uma estagiária, que ia se formar em seis meses. Bateu um desespero. Sem ela, não teríamos como continuar operando.

Então, surgiu a ideia: vamos botá-la como sócia!

Vendemos um sonho para ela se encantar com o projeto. Falamos: vamos ser a maior corretora do Brasil e você vai ter 10% da XP.

Naquela época, 10% de nada era nada. E ela topou!

Um tempo depois, quando a XP estava crescendo, me casei com a estagiária e ficou tudo em família. Anos depois, nos separamos.

Cumprimos a promessa feita a ela: de uma escola no playground do prédio viramos a maior corretora do país.

Em 2003, começamos a terceirizar o trabalho e montamos umas 30 filiais. Crescemos tanto que precisávamos ter uma corretora. Compramos a America Invest e pagamos com 5% das ações da XP.

Fui morar no Rio. O Marcelo ficou em Porto Alegre tocando a área dos autônomos.

Nossa gestora começou em 2005 como um clube de investimento com R$ 3.000: R$ 1.000 meu, R$ 1.000 do Marcelo e R$ 1.000 do meu pai. O clube virou um fundo e hoje tem R$ 3 bilhões.

Depois veio a crise de 2008. Felizmente, ainda éramos pequenos. Mas foi o bastante para ver que não se pode depender só da corretagem de ações. É como ter uma empresa de guarda-chuva. Precisa chover todos os dias.

Na crise, você tem que ficar muito próximo dos clientes, que estão assustados. Normalmente, o profissional de investimento foge do cliente quando ele está perdendo dinheiro. É um erro.

Fomos a uma feira da corretora americana Charles Schwab. Ela funcionava como shopping de investimento. Focava no que o cliente precisava, enquanto o banco foca naquilo que quer vender.

Começamos a ver que o Brasil poderia seguir o mesmo caminho porque os clientes estão descontentes com os bancos. Resolvemos apostar na comparação de produtos, oferecendo fundos de diferentes casas.

Fizemos uma estrutura com todas as gestoras estrangeiras e butiques. Hoje, chegamos a captar R$ 500 milhões por mês. A meta é passar de R$ 5 bilhões neste ano. Estamos só começando.

Há 30 milhões de pessoas que investem nos bancos; 25 milhões na poupança. Tenho certeza de que todas elas poderiam investir melhor.

Fonte! Chasque (postagem), publicado no sítio da Folha de São Paulo, no dia 14 de outubro de 2013. Abra as porteiras clicando em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/10/1356164-fundador-da-xp-investimentos-transformou-escola-sobre-a-bolsa-na-maior-corretora-de-valores-do-pais.shtml.

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Gauchada amiga!

Já estive noutra corretora. Fui de mala e cuia pra XP em 2010 e mesmo sendo um pequeno investidor, para mim, não há corretora que mais investe em educação financeira neste país, pois para tu te tornares um bom investidor, é preciso o aprendizado. E a XP é mestre em educação financeira.

Abraços

Valdemar Engroff 

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